Gangrena Diário Ed. 29 170 bandas e uma mulher.......
Sempre ouvi que dizer que o rock nacional não tinha mais jeito, que as nossas bandas apenas apareceram em 1986 e depois desse ano nada de bom mais surgiu. Bom se você não estava abduzido nesses últimos tempos deve saber que isso não é verdade e que nosso rock vai bem obrigado, e não digo isso por causa de CPMs da vida ou Charlie Browns, mas por outra coisa.
É incrível a quantidade de bandas que existem nessa terra espalhadas e que tocam um bom som. Muitas das vezes sem apoio de uma major num esquema que parece Saraievo ou uma Palestina, na base da luta mesmo. Só por isso já mereciam serem ouvidas antes de as explodirem.
Pra você ter uma idéia remota, um desses sites de bandas independentes, o www.bandasdegaragem.com.br tem no item indie 170 bandas cadastradas, ou seja, é muito barulho pra uma categoria só. Tudo bem você Rubens Ewald Filho de plantão vai dizer que nem sempre muito é bom e que nem todo mundo toca alguma coisa, vá lá que seja, mas existe sim vida inteligente nesse ramo. Aqui mesmo no GD já escrevi sobre algumas.
Não!!!! Você não vai ler hoje aqui que descobri o novo Nirvana ou que tudo que os Paralamas fizeram pelo rock nacional pode ser esquecido. Mas são bandas mais que honestas e que fazem uma coisa difícil aqui neste país de jabazeiros: dão a cara à bater com um som que é competente e diferente (esse trocadilho é de matar!!!!), apesar das claras influências que você capta desde a primeira audição.
Começamos com uma galera de Minas, que já deu ao mundo Skank e Sepultura. A banda tem o singelo nome de Tênis(olha essa pronúncia menino!!!). Lançaram seu primeiro cd em 2004, e aí cabe uma pequena nota, um ano depois saiu o cd dos Magic Numbers aquela banda dos gordinhos que o hit Forever Lost fez seu nome, com suas baladinhas e quase um coutry rockzinho meloso, mas muito bom. E quando você ouve os caras do Tênis, fica com aquela impressão que os gringos copiaram os brazucas, só que os gordinhos ficaram mais pops que os brasileiros.
O som tem um que de Sonic Youth e Wilco, com riffs simples mais não menos originais e melodias assoviáveis. A barulheira chega depois da segunda estrofe, mas você vai perceber uma boa combinação entre a guitarra e o baixo deixando claro que os caras sabem o que estão fazendo. Vale a pena conferir Catarina please!
Quando escrevi sobre o Clap Your Hands and Say Yeah!, disse que quanto mais longo e esquisito o nome da banda o som era bom mesmo, e está aí uma banda que não me deixa mentir sozinho, o Lonely Nerds´Songbox. Curitibanos desde de 2001 na estrada se autointitulam dramatic rock, e confesso que não entendi bem o porque desse nome mais tudo bem. Com influências do Radiohead e Grandaddy, fazem bastante barulho, alternando bem as partes mais melosas com as pancadas. Com direito a sons esquisitos da guitarra (como toda boa banda indie), e riffs que dão climas mais soturnos as músicas. Baixo mais que presente nas músicas, você até perdoa os graves meio André Mattos do vocalista. Boa combinação de tristeza e rock, deixaria Tom Yorke mais que orgulhoso.
Essas duas bandas cantam em inglês, mas essa aqui os Krias de Kafka de Santo André, cantam em bom e alto português. Com clara influência dos anos 80 que vão desde Gang of Four até Legião Urbana, sem deixar de passar por um Nick Cave. Abusando dos teclados como no caso da música Santa Rita esses caras fazem um som muito mais original que a maioria das bandas que você ouve na sua FM predileta. Letras bem sacadas (a desconhecidos que pagam para permanecer na prateleira do comum.....no som Rock Inglês), com uma variação muito boa de músicas mais suaves como a citada Santa Rita ou mais pesadas como Tuntá, os Krias são sem dúvida uma boa saída pra você que quer ouvir algo mais íntegro e original que o top dez das rádios rocks por aí.
E para você que se perguntou aonde está a mulher do título, aqui está a senhorita responsável pela minha mais nova paixonite musical com voz feminina. Regina Spektor.
Quando ela namorava Julian Casablancas o vocal dos Strokes ela saiu em turnê com a banda, isso em 2003 e eles até gravaram a música Post Modern Girls. Mas apenas uma artista de suporte essa menina nunca seria, aliás ela é um espetáculo muito grande pra ser apenas apoio.
Muitas vezes apenas com o piano, outra apenas a sua voz dá o tom da canção que não precisa de mais nada além disso. Não há possibilidade de você sair ileso ao ouvi-la, você consegue sentir cada nota e algumas vezes vou te dizer, a voz dela é capaz de te rasgar ao meio.
Muitas mais para Patty Smith do que Björk, mais Ramones na atitude do que Nora Jones, ela te faz pensar que quando você ouvir algum ser celestial vai ter que ser com essa voz. Sexy até o talo escute Mary Ann e me diga se você não carregaria um trem por ela. Mas como o talento de Regina vai por muitos mais caminhos que o simples sexismo, escute Pavlov´s Daughter que mistura uma batida quase hip hop com jazz , vocais que fazem o próprio riff da música. Os Beastie Boys encontram Edith Piaff e não sobra pedra sobre pedra. E além de todos os talentos ela ainda passeia por vários ritmos desde o punk até o clássico, (escute Oedipus). Manjar para os ouvidos mais sofisticados ou para aqueles que apenas gostam de coisas muito, mais muito boas. Corra atrás e saiba a diferença que existe entre a Kelly Key e Elis Regina.
www.reginaspektor.com
Sempre ouvi que dizer que o rock nacional não tinha mais jeito, que as nossas bandas apenas apareceram em 1986 e depois desse ano nada de bom mais surgiu. Bom se você não estava abduzido nesses últimos tempos deve saber que isso não é verdade e que nosso rock vai bem obrigado, e não digo isso por causa de CPMs da vida ou Charlie Browns, mas por outra coisa.
É incrível a quantidade de bandas que existem nessa terra espalhadas e que tocam um bom som. Muitas das vezes sem apoio de uma major num esquema que parece Saraievo ou uma Palestina, na base da luta mesmo. Só por isso já mereciam serem ouvidas antes de as explodirem.
Pra você ter uma idéia remota, um desses sites de bandas independentes, o www.bandasdegaragem.com.br tem no item indie 170 bandas cadastradas, ou seja, é muito barulho pra uma categoria só. Tudo bem você Rubens Ewald Filho de plantão vai dizer que nem sempre muito é bom e que nem todo mundo toca alguma coisa, vá lá que seja, mas existe sim vida inteligente nesse ramo. Aqui mesmo no GD já escrevi sobre algumas.
Não!!!! Você não vai ler hoje aqui que descobri o novo Nirvana ou que tudo que os Paralamas fizeram pelo rock nacional pode ser esquecido. Mas são bandas mais que honestas e que fazem uma coisa difícil aqui neste país de jabazeiros: dão a cara à bater com um som que é competente e diferente (esse trocadilho é de matar!!!!), apesar das claras influências que você capta desde a primeira audição.
Começamos com uma galera de Minas, que já deu ao mundo Skank e Sepultura. A banda tem o singelo nome de Tênis(olha essa pronúncia menino!!!). Lançaram seu primeiro cd em 2004, e aí cabe uma pequena nota, um ano depois saiu o cd dos Magic Numbers aquela banda dos gordinhos que o hit Forever Lost fez seu nome, com suas baladinhas e quase um coutry rockzinho meloso, mas muito bom. E quando você ouve os caras do Tênis, fica com aquela impressão que os gringos copiaram os brazucas, só que os gordinhos ficaram mais pops que os brasileiros.
O som tem um que de Sonic Youth e Wilco, com riffs simples mais não menos originais e melodias assoviáveis. A barulheira chega depois da segunda estrofe, mas você vai perceber uma boa combinação entre a guitarra e o baixo deixando claro que os caras sabem o que estão fazendo. Vale a pena conferir Catarina please!
Quando escrevi sobre o Clap Your Hands and Say Yeah!, disse que quanto mais longo e esquisito o nome da banda o som era bom mesmo, e está aí uma banda que não me deixa mentir sozinho, o Lonely Nerds´Songbox. Curitibanos desde de 2001 na estrada se autointitulam dramatic rock, e confesso que não entendi bem o porque desse nome mais tudo bem. Com influências do Radiohead e Grandaddy, fazem bastante barulho, alternando bem as partes mais melosas com as pancadas. Com direito a sons esquisitos da guitarra (como toda boa banda indie), e riffs que dão climas mais soturnos as músicas. Baixo mais que presente nas músicas, você até perdoa os graves meio André Mattos do vocalista. Boa combinação de tristeza e rock, deixaria Tom Yorke mais que orgulhoso.
Essas duas bandas cantam em inglês, mas essa aqui os Krias de Kafka de Santo André, cantam em bom e alto português. Com clara influência dos anos 80 que vão desde Gang of Four até Legião Urbana, sem deixar de passar por um Nick Cave. Abusando dos teclados como no caso da música Santa Rita esses caras fazem um som muito mais original que a maioria das bandas que você ouve na sua FM predileta. Letras bem sacadas (a desconhecidos que pagam para permanecer na prateleira do comum.....no som Rock Inglês), com uma variação muito boa de músicas mais suaves como a citada Santa Rita ou mais pesadas como Tuntá, os Krias são sem dúvida uma boa saída pra você que quer ouvir algo mais íntegro e original que o top dez das rádios rocks por aí.
E para você que se perguntou aonde está a mulher do título, aqui está a senhorita responsável pela minha mais nova paixonite musical com voz feminina. Regina Spektor.
Quando ela namorava Julian Casablancas o vocal dos Strokes ela saiu em turnê com a banda, isso em 2003 e eles até gravaram a música Post Modern Girls. Mas apenas uma artista de suporte essa menina nunca seria, aliás ela é um espetáculo muito grande pra ser apenas apoio.
Muitas vezes apenas com o piano, outra apenas a sua voz dá o tom da canção que não precisa de mais nada além disso. Não há possibilidade de você sair ileso ao ouvi-la, você consegue sentir cada nota e algumas vezes vou te dizer, a voz dela é capaz de te rasgar ao meio.
Muitas mais para Patty Smith do que Björk, mais Ramones na atitude do que Nora Jones, ela te faz pensar que quando você ouvir algum ser celestial vai ter que ser com essa voz. Sexy até o talo escute Mary Ann e me diga se você não carregaria um trem por ela. Mas como o talento de Regina vai por muitos mais caminhos que o simples sexismo, escute Pavlov´s Daughter que mistura uma batida quase hip hop com jazz , vocais que fazem o próprio riff da música. Os Beastie Boys encontram Edith Piaff e não sobra pedra sobre pedra. E além de todos os talentos ela ainda passeia por vários ritmos desde o punk até o clássico, (escute Oedipus). Manjar para os ouvidos mais sofisticados ou para aqueles que apenas gostam de coisas muito, mais muito boas. Corra atrás e saiba a diferença que existe entre a Kelly Key e Elis Regina.
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