05 agosto 2009

GD 54....QUEM NASCEU PRIMEIRO....A GALINHA OU A FARSA.........


Bom antes que se torne tarefa insuportável escrever sobre isso, vamos logo ao parto. Mesmo porque nas últimas semanas não se fala de outro assunto. Congestionamento em blogs e servidores. As discussões parecem não terminar nunca, e acho que nem vão enquanto o disco não chegar fisicamente nas lojas, e ainda vão perdurar pelo menos até o final do ano (apesar de achar desnecessário essa discussão sem fim). Mas não adianta ficar muito animadinho não, HUMBUG do Arctic Monkeys não é nem será o melhor discos deles. Não o acho histórico, não vejo essa virada de estilo tão grande assim. Acho até às vezes um segundo disco do The Last Shadow Puppets e não o terceiro disco dos AM. Eu não acredito no hype.........é por isso que eu acho HUMBUG uma farsa , das melhores que eu já ouvi........
Nada vai superar a urgência do primeiro disco dos caras, a sucessão inesgotável de músicas sensacionais com uma pegada de emergência tão grande quanto a do primeiro disco dos Ramones. O redesenho do rock para remexer o esqueleto da primeira bolacha, as notas e o tempo, nada que eles façam depois vai conseguir superar. Mas a necessidade de andar para frente é tão urgente quanto respirar, e é nesse contexto que se encaixa Humbug.
Quando os AM começaram eles eram a novidade mais bacana do rock, tudo que eles deixavam vazar pela internet era consumido em altas doses, eles se tornaram a dopamina mais marcante da indústria, mas eles sempre deixaram claros que não acreditavam em todos os holofotes que eram despejados em cima deles. Talvez por saber dentro deles mesmos que a banda não caberia dentro de rótulos, talvez por querer manter a sanidade. O motivo real não se sabe, o que é verdade é que a banda nunca deixou de querer o original. E essa originalidade plagiada seguiu a banda, e eu digo plagiada porque é quase que óbvio. O que fazer quando as pessoas acham seu som o mais bacana de todo o planeta, o que seguir quando um grupo de quatro moleques se encontram no meio do furacão de "mudernidadezinha", sendo comparados à deuses a todo momento. Qual a direção quando ordas de seguidores cegos e fiéis se estapeiam para decidir qual a música é a melhor. Fazer o que quando todas as bandas querem ser a sua????
A saída é fazer um disco que não seja nada parecido com o que foi feito por eles até agora. Mudar a palheta de cores, formar novas ondas sonoras, sons mais pesados e estranhos. Essa é saída mais clichê no mundo do rock. E foi isso que eles fizeram. Mas a maneira de realizar esse plagismo de atitude que Alex Turner e a sua gangue escolheram é que é o diferencial. E por isso sim esse disco torna-se obrigatório. Porque não é todo mundo que consegue ser originalmente copiante. E isso mantém os AM ainda no patamar que eu insito em falar e por várias vezes já fui colocado dentro de uma camisa de força e convidado a dar o telefone do traficante que me dá esse tipo de droga pesada daonde saem essas opiniões. Eles são talvez a banda que mais se aproximou dos Beatles na história. Um dia quando tudo estiver tomado por máquinas, e as pessoas viverem dentro de subsolos imundos, cheios de ratos e com exércitos de resistência em homenagem a Sarah Connor a gente volta a converar sobre isso..........
Mas o disco já começa diferente de tudo que eles fizeram. My Propeller é dificil e não tem nada de dançante e punk quanto Brainstorm ou A View From The Afternoon. É de levada mais lenta e não vai agradar a quem queria ouvir mais um hit indie. Mas por isso mesmo é boa. E até o single desse disco, Crying Lightning é esquisito. De nuance toda quebrada falando sobre truques de mágica, sobre tempos passados estranhos que parece que a banda sente isso em relação ao que aconteceu com eles lá atrás.......
Mas o que deu mesmo a mão desse disco foi um cara que está se tornando um alquimista de primeira. Um tal de Josh Homme. Esse cidadão encrenqueiro, pertencente á categoria animal dos Adictus Lunáticos Sapientes colocou a banda para fazer o dever de casa com um peso parecido com aquelas rochas que explodiam a cabeça do coiote. E Dangerous Animals é prova disso, o que não chega a parecer uma cover do Queens Of The Stone Age, faz com que o evangelho segundo o coiote continue a correr livremente pelo deserto. E nesse clima é que entra Secret Doors, talvez a primeira que lembre os discos anteriores. Parece que a areia fez bem pra molecada, e eles não estavam dentro de um caminhão numa estrada dando caronas a garotas de programa.A levada quebrada da música é boa na medida, mas mesmo assim parece que além do QOTSA o Last Shadows Puppets ainda rondava a cabeça de Turner e Cia.
Potion Aproaching é a que mais se aproxima do estilo monkeininano de ser, puxada pras pistas pelos cursos mas com refrão em outra rotação é a resposta que eles dão á todo mundo: nós somos uma banda de rock e não uma máquina de hits apenas. Fire And The Thud é a marca mais pungente do senhor Homme no disco, se já ouviu coisas como I never came e principalmente "You got a killer scene here,man" do QOTSA sabe do que eu estou falando. E é isso, copiar com esse grau de originalidade é coisa pra pouca gente.
Cornerstone é de longe a música mais bonita feita pelos AM, (she´s is close, close enough to be your ghost......she´s was nothing but a vision trick.....) de uma beleza bruta muito grande, pra dançar bem de perto e vai virar trilha sonora de beijos e mais beijos com meninas de All Star e meias vermelhas. E aqui cabe uma observação, a voz de Turner continua a mesma (mas os cabelos!!!!), a diferença desse disco para os outros dois é que ele parece estar encontrando a linha melódica definitiva, deixando o som tomar conta dele para cantar e isso é sempre bom. E posso fazer mais uma heresia? Acho Cornerstone tão importante para esse disco quanto That´s The Way no Led Zeppelin 3..........ouça:








Dance Litlle Liar e The Jeweller´s Hands (essa última trilha sonora de filmes de gangsters.....) são o mais do mesmo desse disco, temas vagarosos e estranhos para quem esperava outra Tedy Pricker, mas bem tocados e com uma afinação de primeira elas não incomodam, formam mais duas cores caleidoscópicas desse mosaico primata indie. Mas Pretty Visitors é uma pancada das boas, tudo nessa faixa vai te lembrar o que o rock tem de melhor, viradas de bateria sensacionais, peso e velocidade nas cordas, orgãos sinistros e frases sensacionais (who came first...the chiken or the dickhead??????). Vale a pena cada sensação que entra pelo teu estribo.
Humbug é uma farsa bem conduzida, uma virada de história já enxergada e nada inédita. Mas nem por isso menos importante. A crueza das rotações e as melodias esquisitas vão garantir as discussões de todas as rodas de indies......esse não é um disco sensacional, está longe disso. Mas é bom ver uma banda crescer tão bem na frente da sua cara.......






Pretty Visitors