20 abril 2009


18 de janeiro
Gangrena Diário Ed. 8
Tem uma cena no filme Ransom, o preço de um resgate, em que o personagem do Mel Gibson pergunta ao sequestrador de seu filho o porque dele estar sequestrando a pequena criança, pobre e indefesa. Como resposta o bandidão simplesmente fala, que é porque o Mel Gibson paga por tudo e pagaria por isso também.
Pois assim como o personagem do Mel Gibson que nós, pobres mortais e brasileiros em desenvolvimento ( afinal não é essa a denominação dada a nossa pátria ), poderíamos sentir o mesmo nesse início do ano.
Pois eu explico leitor politíco, no final do ano passado nosso brilhante e exímio pagador , o governo, anunciou que haviamos pago uma quantia de 15 bilhões para o FMI, aquele famoso fundo que mais parece um saco sem fundo de tanta grana que já levou de nosso país. Mas que maravilha, você poderia pensar, estamos quitando nossa dívida com os gordos e fétidos bancos do primeiro mundo, estamos entrando numa era de melhora, afinal com todo esse dinheiro que estamos pagando, vão acontecer mais melhorias, pois quem paga 15 bilhões de algo, tem muito mais pra pagar em coisas como saúde, educação, moradia, comida, essas coisas que quase não fazem falta.
Mas então você decobre e vê, que o governo apenas fez uma puta média com esses sangue-sugas, e que nossos hospitais apodrecem, nossos pobres mais pobres e doentes, que a dengue está voltando e que tudo está pelo hora do caos, mas você sabe, como Mel Gibson nosso herói americano o governo paga.
E não é só nosso lindo e perigoso governo que paga, temos pessoas que tem uma inteligência monetária tamanha capaz de entrar numa loja, que está posicionada num ponto maravilhoso atrás de uma pequena favela, aonde a vida é tão dura quanto todo o concreto e aço que separam o pretenso luxo do pretenso lixo, aonde as nossas senhoras feudais internéticas, acompanhadas pelos poddles cheirando a pinho, podem entrar e gastar 5.000 reais em uma bolsa que é comprada pela loja à R$ 50,00. Mas é simplesmemte uma maneira de se sobressair nessa sociedade que preza pelo quanto você tem, não pelo que você é. Afinal a revista Caras vai adorar, e o plantão das fofocas vai até fazer uma edição extraordinária, mas o mais importante é que você Mel Gibson tupiniquim paga.
Isso me leva a próxima questão, andando pelas ruas dessa maravilhosa metrópole, me deparo com uma fila gigantesca, dessas que parecem com as que se formam no sertão quando chega o caminhão pipa, ou na Somália quando o avião ou o caminhão de mantimentos vai passar, e olha que por falar em vai passar, achei até que seria um samba popular. Mas não era nada disso, era apenas a fila para se comprar o ingresso da turnê do U2, Vertigo, que pelas contas já arrecadou mais de 60 milhões de doletas pelo mundo, e nós moradores do terceiro mundo teremos o privilégio de ver. E aí que é da hora, porque meu camarada, é o U2!! Tudo bem que eles já estão velhinhos, e que os albúns não são mais uns Joshua Tree, Hattle and Run ou um Achtung baby!!!!, mas vamos lá, Vertigo é legal, tem Elevation, e ainda de sobra tem sempre os clássicos, vale a pena. Mas será que vale?
Os preços, em primeiro lugar R$ 200,00 a R$ 230,00 pra falar os mais baratos, tem ingresso de 380 reais, meu querido e faminto leitor, nem o salário mínimo atingiu esse patamar, e imagina que somos agraciados com a possibilidade de pagar meia entrada. Ahhhhhhhh, meia entrada, legal então vai ser 100 e 115 reais, agora sim ficou barato, todo mundo tem esses dinheiro nessa época do ano, afinal a inflação foi só de 7% o ano passado, a gasolina não aumenta faz quanto tempo mesmo??? Quinze dias.
O custo de vida aqui se compara sempre por baixo né????? O país tropical , abençoado por Deus e a inda por cima bonito por natureza está com a melhor distribuição de renda, não é mesmo? Todos podemos ter essa quantidade de grana, não é problema. Somos todos compradores da Daslú e andamos com nossas Mercedes por aí. Mas o que interessa, porque nós pagamos( Mel você é nosso exemplo!!!!).
Fora o fato da organização de tudo estar sendo um desrespeito a todos os fans, lugares sem preparo para distribuir os ingressos, site fora do ar, filas com todo o jeitinho brasileiro, lugares comprados, confusão, distribuição de senhas para enganar as pessoas, afinal quantas não bateram com a porta do supermercado na cara nessa terça. O Rio de Janeiro totalmente negligenciado e mal tratado com menos lugares para comprar os ingressos. mas aí eu penso, os caras que estão trazendo o show sabem o que de show? Você tem um supermercado vendendo ingresso, parece até piada. E me diz uma coisa, num país como esse Brasil, aonde se vive fodido por causa de grana, esses benfeitores públicos, como esses Dinizes e Aciolys poderiam tentar pelo menos diminuir o preço do ingresso de alguma maneira, fazendo mais shows, diminuindo a margem de lucro deles, pois ninguém venha me dizer que fazer essa palhaçada toda sairia sem lucro para eles, afinal de contas eles se preocupam com o bem estar da nação? e eu sei que nem o relógio trabalha de graça,mas pera lá!!!!!
E tem mais, será que o senhor último herói do mundo Bono " Live Aid" Vox, não poderia ter tido menos lucro com esses shows, afinal não é ele que vive defendendo os mais pobres? Será que para alguém que é milionário e vai ganhar dois milhôes seria prejudicado de ganhar apenas um?
Ele poderia parar de apenas aparecer nos Live " Fakes " da vida e fazer algo de concreto, que tal, já pensou ele além de meter o bedelho no Fome Zero ( coisa que era para nos fazermos), dizer: vamos tocar e diminuir nosso lucro em 14, 3,2,1. Ia ser demais.
Mas como sempre a gente paga e vai ser tudo In the Name of Love?
Cuidem-se e levem água pra fila.



Escrito ouvindo : Jello Biafra and The Melvins : Yuppie Cadillac
Plethismografy
Jello Biafra : Marijuana Motherfucker
Dead Kennedys: Police truck
Callifornia Ubeer Alles
MTV get off the air
To drunk to fuck
Soudgarden: My Wave

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