28 junho 2009

GD 49...... EVANGELHO SEGUNDO O PESO.......A SUAVIDADE DA MARRETA QUALQUER COISA DO TIPO PODE SER........ DELEUZE?????


De tempos em tempos surgem coisas que transcendem a idéia do ser apenas como comprovação da ocupação do espaço. Deixam de dar a noção de que estão apenas lá como folha de papel em branco no mosquete e passam a criar uma condição de existência. Se tornam além de objeto, criação, imagem, concreto. E isso é muito duro de acontecer no meio que chamamos de hard rock, que aliás deveria ser considerado termo racista, porque muita porcaria foi feito sobre esse rótulo. A KKK do rock sobre esses termos teve vários chapéus brancos, desde a cabeleira do Bon Jovi, até o programa de encontros do Brett Michells. O hard rock consegue ser o maior paradoxo de todos os termos, porque de alguma maneira consegue produzir coisas como o Led Zeppelin e lixos tóxicos piores do que Chernobyl........
Mas de tempos em tempos a evolução toma as rédeas de tudo e não anda.....dispara......O gene X parece desandar a se espalhar e produzir coisas de um valor meio que transcedental. E aí haja Professor Xavier........
É isso que aconteceu essa semana, com o lançamento do disco TRAVEL WITH MYSELF AND ANOTHER, da banda FUTURE OF THE LEFT. Com o início em 2005, essa banda que foi formada por pedaços de outras duas (Mclusky e Jarcrew) vem mostrando desde o primeiro álbum (Curses de 2007) que tem algo de diferente num cenário que muitas vezes parece estático demais, e com esse disco novo não precisa provar mais nada.
É tudo muito visceral demais, desde os primeiros acordes de Arming Eritreia, já se percebe que seu corpo não vai passar em branco pelos acordes de guitarra. Dentro do disco todo a sensação que se tem é de ter todos os músculos esticados ao extremo, e quando você sente que as suas fibras extra fusais vão se descolar e jorrar todo seu sangue pelo chão, a parada é brusca........como se a banda te dissesse "pode respirar, mas tome fôlego...porque a manobra de energia muscular do inferno vai voltar só que um pouco mais forte dessa vez , tudo bem????"
E a sequência de entrada nessa calabouço de tripas que a banda estirpa de você não poderia ser mais pesada, a faixa supracitada mais Chin Music e The Hope That House Built (que aliás te lembra a entrada do exército de Brancalleone por algum portal mágico......) é exatamente isso, um soco atrás do outro sem muito tempo de respirar.
O disco é muito rápido, a maior faixa é a úlltima de 4 minutos e 15 segundos. Mas não pense você desavisado leitor, que por isso as coisas não terão conteúdo, ou serão sempre a mesma pauleira de qualquer banda que derrete amplificadores. Já I Am a Civil Service você poderá perceber a vocação da banda para a construção de músicas que cabem muito bem num filme de terror do Robbie Zombie ou numa pista de dança lotada. E a pegadinha pop demoníaca prossegue com Land Of My Formes, onde vocalista Andy Falkous parece que vai perder a garganta há qualquer minuto tamanha a profusão de notas rasgadas que ele despeja. Mas o detalhe é muito mais que um vocalista que grita com delicadeza, a bateria e o baixo são uma nota à parte como em You Need Satan More Than He Needs You. Baixo quebrado ao extremo junto com a bateria que é simplesmemte esmerilhada a cada batida. Atropelamento por cargueiro é pouco, seria mais fácil se imaginar amarrado ao bico de um Concorde à toda velocidade capitão Kirk!!!!!!
O mais bacana nessa banda não serão notas altas e os riffs matadores, é o descompromisso com qualquer coisa. Não tem visão política, as letras tem sempre um algo de juvenil que sempre caem bem no rock.......não existe aquela necessidade Bononiana de se fazer um clássico, o que apenas deixa a banda muito mais interessante (mesmo porque de Bono já chega um...né??). O rock não tem que ser inteligente e é nessa beleza estupidamente excêntrica que reside todas as contrações boas que esse som pode te trazer, até porque Chuck Berry não tinha diploma de mestrado, Iggy Pop também não......é a condição do objeto se tornando ser.........e é isso que faz esse som obrigatório. Tente ouvir Stand By / Your Manatee com a sua vocação berryana e ousar não chacoalhar a sua cabeça, será seu estiramento escalênico que mais valerá a pena......
E o disco acaba de maneira um pouco paradoxal, mas nem por isso menos genial. Lapsed Catholics, tem cordas quase flamencas, refrões eruditos e um peso de fim de faixa que é impossível de se bater.
E ainda eu vou cometer a heresia de dizer uma coisa....esse disco do Future Of The Left tem o mesmo frescor para esse rock atual que às vezes parece mais uma repetição de si mesmo, que um certo disco de 1976.......de uma banda que vivia tocando no CBGB´S.......DO YOU REMEMBER ROCK AND ROLL RADIOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!