17 julho 2009

GD 51 FIM DE SEMANA CAT POWER....... PARTE 2 Do pesadelo à redenção


Quando deixamos nossa heroína moderna, ela estava a meio caminho de uma colapso nervoso. Ansiosa por não ser compreendida em seus trabalhos, caminhando em círculos sem achar a saída do circo da fama ao qual havia sido catapultada pelo seu mais recente disco.Isolada em uma fazendo na distante terra do nunca Cat Power continuou fazendo aquilo que ela achava no momento ser a saída para todas as suas dúvidas.Pinturas, poemas, álcool, droguinhas e depressão grande.......como se estivesse presa dentro de seu próprio pesadelo. E foi por causa de um desses pesadelos que ela voltou ao mundo da música.
Segundo ela em rara entrevista, o pesadelo era assim: ela sonhava que alguém lhe dizia que seu passado seria apagado se ela encontrasse essa pessoa que falava com ela (quem quer que fosse....), ela acordava gritando que não queria conhecer essa pessoa, porque ela sabia quem era: uma serpente traiçoeira. E esse pesadelo cercava a casa dela como um tornado.
Ela ficava apavorada e tinha que correr para seu violão para poder distrair-se e passava os próximos 60 minutos gravando alguma coisa.E dessas gravações longas sairiam seis canções.E foi assim que nasceu o disco dela, gravado na Austrália em companhia da banda Dirty Tree (que tocam com Nick Cave também). Esse disco intitulado MOON PIX é um dos melhores discos dos anos 90 (ele é de setembro de 1998), e trazia a já famosa desde sempre Metal Heart, mas foi com Cross Bone Style que ela mais uma vez caiu nas graças do público e fez (para desespero dela mesma), seu rosto ficar conhecido ainda mais. Aqui você confere as duas faixas e ainda a capa do disco.





Mas mesmo com todas as honrarias e felicitações alguma coisa parecia um pouco fora do lugar, mesmo porque meninas que não gostam de aplausos talvez estejam sendo mal interpretadas (obrigado pelo comentário....). E Chan continuava mais ainda dentro do círculo vicioso que entrou.E mesmo assim logo após a explosão de Moon Pix, ela resolveu fazer o primeiro disco de covers de sua carreira.E o nome não poderia ser mais inteligente: THE COVERS RECORD. Nesse disco ela mostra de uma vez por todas que ela não era apenas mais uma cantora indie qualquer, e se você não acredita dá uma olhada nesse videoclip e tente não chorar copiosamente. Nesse disco Cat Power se supera como interprete e como artista, simplesmente fazendo versões estonteantes para Rolling Stones (Satisfaction), Bob Dylan(Paths of Victory) e Velvet Underground(I Found a Reason). E foi com esse disco que ela veio ao Brasil pela primeira vez em 2001, fazendo shows em São Paulo, Rio e Curitiba. Mas se pudessemos ser parentes de Emett Brown provavelmente iríamos dizer que estávamos próximos de uma Amy Whinehouse do passado. Ela mal conseguia cantar as músicas, errou demais e com direito à uma apresentação Kobainiana no Hollywood Rock ela deixou quem gostava dela aqui a ver navios cargueiros. Mas a redenção e o caso de amor com os fans brazucas viria em 2007 (mas isso é uma outra história.....já já chegamos nela.). Por enquanto fiquem com ela em uma das mais maravilhosas covers de todos os tempos:





Mas como na música, ela acabou achando uma razão para não ir embora de uma vez da face da Terra, e quando todo mundo imaginava as manchetes em tablóides sensacionalistas, eis que surge em 2003 depois de três anos sem gravar nada YOU ARE FREE. Essa capinha bucólica já dava a impressão de paz que ela parecia ter atingido.
E apesar da calma aparente esse é um disco de rock regado à baladas simples mas fortes. Produzido por Adam Kasper que fez trabalhos com Pearl Jam, Foo Fighters e Queens Of The Stone Age, Cat Power parecia ter atingido a maturidade. De início pesado com a música I Don´t Blame You, que apesar de jurar que não era para Kurt Cobain (no início da letras ela canta sobre um músico que a última vez que tinha visto, ele estava com sua guitarra na mão com uma sensação de que não queria estar lá........o que vocês acham????), e com as participações de Dave Grohl na bateria em 3 faixas e o baixo em Speak For Me, ainda com Eddie Vedder nos vocais em Good Woman e Evolution.
Um fato bacana é que os convidados foram apenas identificados com as inicias dos nomes, então no encarte apenas estão colocados assim: D.G., E.V. e ainda um misterioso T.H. (que poderia ser o baterista Taylor Hawkins do FF). Vale a pena ouvir do começo ao fim, numa tarde de sábado no seu recanto rural. E é desse disco o próximo videoclip aqui: He War



E isso tudo mostra que realmente uma infância problemática, a mãe sofrendo de esquizofrênia, drogas, depressão, loucura e tentativas de suicídio, podem até não ser parâmetro de normalidade, mas com certeza é matéria prima de genialidade.

Quando o post do inferno voltar:

o disco mais The Greatest, a redenção no Brasil e mais covers de se matar com faca de bolo Pullman.

Um comentário:

Thiago disse...

O que eu não sabia, em detalhes, era desse sonho da Chan. Quanto a ser um dos melhores discos dos anos 90 não posso dizer nada, mas que é o melhor dela, isso não tenho dúvidas.